A propósito da excelente matéria de Herton Escobar, na edição 181 da revista Piauí (piaui.folha.uol.com.br/materia/a-diaspora/), me lembro dos meus anos formativos, nos idos de 1968, em plena ditadura. Pouco dinheiro, pouca mobilidade, pouca ciência, desânimo generalizado e o êxodo maciço de recém-formados e de pesquisadores mais experientes. Quem podia foi embora e muitas das nossas mentes mais brilhantes não voltaram mais.
Levamos anos para recompor a nossa ciência, processo conseguido com muito empenho, seriedade, idealismo e muitos anos de trabalho e investimento na capacidade instalada, nos novos câmpus universitários, na formação de recursos humanos, técnicos e científicos. E agora, justo quando fomos capazes de demonstrar como estamos à altura de trabalhar lado a lado com as melhores mentes do mundo na solução dos nossos mais prementes problemas – pandemias, mudanças climáticas, sustentabilidade em nível planetário, economia e trabalho na era digital – para citar alguns, nos vemos novamente em vias de perder nossas novas gerações de futuros cientistas.
Os mesmos sentimentos e lembranças ruins voltam com força total e é difícil manter o otimismo em meio ao desmonte da ciência brasileira, do corte inacreditável de verbas e da falta de apoio aos alunos, da falta de manutenção do precioso parque tecnológico, componentes tão importantes para o florescimento contínuo do conhecimento novo e dos seus frutos inovadores. Que a ciência volte a fazer parte das prioridades; sem ela não temos um futuro nada promissor!
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