Começando em 2009, mas estendendo-se ao longo do tempo, marcos importantes foram periodicamente propostos para fortalecer a cultura da excelência. Aqui estão alguns exemplos. O impulso para alcançar nossos marcos propostos incluiu o lançamento de um debate institucional sobre temas de pesquisa. Nos anos entre 2009 e 2012, pesquisadores e membros interessados da equipe médica foram incentivados a prosseguir com seus projetos de pesquisa em andamento e focar em temas com os quais estavam familiarizados. Essa decisão foi baseada na percepção da necessidade de estabelecer um ambiente frutífero que conduzisse a pesquisas de boa qualidade e publicações. Após três anos, embora com uma pequena contribuição de minha parte, realizamos um processo gradual para determinar metas de pesquisa relevantes para serem apoiadas institucionalmente.
O processo ocorreu ao longo de 2012 e incluiu longas conversas com as equipes de gestão, médicas e de pesquisa, bem como reuniões no estilo brainstorm com pesquisadores e profissionais médicos para debater a importância de ter um objetivo abrangente, visível para todas as partes interessadas, incluindo a comunidade científica, organizações de saúde em geral e a população. O tema do Envelhecimento foi escolhido com base nas percepções de que o rápido envelhecimento da população é uma realidade no Brasil (http://populationpyramid.net/brazil/); que em um Hospital Geral, áreas muito diversas, como Oncologia, Neurologia, Cardiologia, Ortopedia e Transplantes, são igualmente importantes e que todas elas adquirem crescente importância à medida que os pacientes envelhecem; que não há nenhum grande centro de estudos de saúde e doença em pessoas idosas no Brasil, portanto, um nicho de pesquisa importante e relativamente inexplorado; e, por fim, que uma parte significativa dos pesquisadores da instituição já estava envolvida estudando aspectos do envelhecimento e da senescência, estudando doenças neurodegenerativas como Parkinson e Alzheimer, abordando questões relacionadas à medicina regenerativa e ao uso terapêutico de células-tronco hematopoiéticas e mesenquimais humanas, aterosclerose e calcificação vascular, fisiopatologia de doenças renais e câncer em idosos, como mielomas múltiplos e os carcinomas de cabeça e pescoço mais comuns.
O tema evoluiu para ser um objetivo não apenas para adquirir conhecimento, mas também para alcançar maior bem-estar e melhor saúde e opções inovadoras de tratamento em diferentes áreas médicas. Além de temas tradicionais em medicina clínica e experimental, o estilo de vida e a reabilitação para a população idosa, gestão da saúde e pesquisa em medicina integrativa e cuidados paliativos foram progressivamente incluídos.
Na mesma linha, foram organizados eventos adicionais para abrir o IIEP a parceiros internacionais. Pessoalmente, organizei ou participei de diversos simpósios com palestrantes convidados na busca de melhorar a compreensão de como uma pesquisa significativa pode ser realizada em um hospital de assistência geral. Simpósios conjuntos foram realizados com nossos parceiros científicos, Instituto Weizmann de Ciências (2011, 2012, 2014 e 2018) e a Universidade Case Western Reserve (2018) em diferentes temas: Envelhecimento, Bem-estar, Avanços em Neurociências, Cuidados com Animais e até mesmo sediando o capítulo local do Concurso Brasileiro de Neurociências (Olimpíadas de Neurociências) todos os anos desde 2015.
A partir de 2012, em busca de impulsionar a excelência em pesquisa em toda a instituição, eu me juntei a colegas da Patologia (Denise da Cunha Pasqualin) e da Hematologia (Paulo Vidal Campregher) para trabalhar na criação de um Biobanco institucional. Pois é, como resolver o problema de se ter um biobanco que atenda a todas as áreas de um grande hospital geral, como detalhado nos parágrafos anteriores? Após muitos debates e reflexões, tivemos uma ideia inovadora e trabalhamos arduamente para organizar um banco com quatro braços operando de forma específica. Um banco de tumores baseado em amostras de tecido obtidas cirurgicamente é essencialmente um repositório de amostras de pacientes com câncer. Um banco de células trabalha com linhagens celulares (transformadas ou primárias) que possuem fenótipos ou genótipos úteis para pesquisa experimental. Um banco de amostras líquidas é baseado em amostras remanescentes do laboratório clínico e armazena vários tipos diferentes de amostras normais e alteradas (sangue, soro, urina, linfa, etc.), e, finalmente, um banco de tecidos, com alguns processos emprestados dos bancos de tumores e de amostras líquidas, contempla tecidos de todas as outras áreas de interesse, exceto câncer. Exemplos, deste último, seriam amostras de tecidos de cirurgias ortopédicas ou plásticas, cérebro, dentes, tumores não malignos, entre outros. A ideia era que todas as áreas do hospital pudessem construir suas coortes de amostras para estudos posteriores. Nosso Biobanco foi aprovado em 2014 e espero que sirva à estrutura de pesquisa por muitos anos.
Paralelamente, desde o início, supervisionei a modernização da infraestrutura do centro experimental, patrocinada pela instituição, que foi atualizada anualmente em várias áreas técnicas. Como já destacado, a equipe de pesquisa e técnica participou ativamente da maioria das decisões, uma diretriz que consideramos essencial para a consolidação bem-sucedida da equipe. Vale ressaltar que as igualmente importantes manutenção e controle de qualidade foram sempre garantidos pelo Departamento de Engenharia Clínica, um ativo importante para garantir as Boas Práticas de Laboratório. Com base nas necessidades percebidas pela equipe de pesquisa, à medida que seus projetos cresciam em complexidade, a infraestrutura foi continuamente expandida para incluir plataformas de última geração, como sequenciamento de nova geração, citometria de fluxo de 19 cores, melhorias na seleção celular, cromatografia líquida de alta eficiência, microscopia confocal e de células vivas e microdissecção a laser. Equipamentos obsoletos foram substituídos e instrumentos ou instalações rotineiramente utilizadas foram duplicadas sempre que necessário. Salas de cultura de células, criopreservação de amostras e gerenciamento de dados receberam melhorias de modo contínuo. Uma expansão menor, mas significativa, ocorreu nas instalações do biotério (CETEC). Embora as decisões colegiadas tenham levado a algumas escolhas de equipamentos que não corresponderam às expectativas, geralmente elas acabaram sendo muito bem-sucedidas, uma vez que novos projetos colaboraram com pesquisadores que já dominavam as novas tecnologias.
Um marco importante em abril de 2019 foi alcançado: um pico de 550 projetos em andamento em toda a instituição. Desses, 77, classificados como experimentais, estavam sendo conduzidos sob a supervisão de 12 pesquisadores da equipe, 8 pós-doutorandos ou outros investigadores. A maioria dos projetos restantes consistia em estudos clínicos e observacionais, integrados à pesquisa e ao ensino de diferentes maneiras, utilizando nosso laboratório multiusuário, interagindo com pesquisadores experimentais, se beneficiando da avaliação de projetos, aprimorando boas práticas e treinamento para gestão do projeto antes e após a concessão de auxílios.
Uma de nossas iniciativas para alcançar esses marcos foi disponibilizar coaching individual externo aos times, o que foi gradualmente aceito por alunos e supervisores. Ele foi usado, e se solicitado, confidencialmente, para melhorar projetos, redigir textos em português e inglês, editar artigos e até mesmo responder a questionamentos de revistas. Também foi rotineiramente empregado para auxiliar na preparação de apresentações nacionais e internacionais (em português e inglês) o que foi instrumental para ajudar jovens pesquisadores a superar a barreira do idioma.
O centro chegou a um ponto em que uma expansão só seria possível com a mudança para um novo prédio. Embora eu tenha participado ativamente do projeto das novas instalações da unidade de pesquisa, que incluiu equipamentos de ponta no laboratório, uma sala limpa para preparações experimentais e clínicas, e mobiliário modular para permitir a adaptação a mudanças técnicas, a inauguração ocorreu somente em 2022, após algum atraso devido à pandemia de Covid-19 (acesse https://www.youtube.com/watch?v=hty1DCg4dFY,https://www.youtube.com/watch?v=AMWlpZRdCgY&t=212s para visitas virtuais).
O fecho dessa minha experiência em liderança na semana que vem!
Chapter 3. Striving for milestones
Starting in 2009 but stretching throughout, milestones were periodically proposed to strengthen the
culture of excellence. Here are some examples. This drive to reach our proposed milestones
included the launching of an institutional debate on research themes. In the years between 2009 and
2012, researchers and interested medical staff were encouraged to pursue their ongoing research
projects and focus on themes they were familiar with. This decision was based on the perceived need
of establishing a fruitful environment leading to good quality research and publications. After three
years, though with a minor input from my part, we carried out a gradual process to determine relevant
research targets to be backed institutionally.
The process occurred throughout 2012 and included
lengthy conversations with managing, medical, and research staff, as well as brainstorm-style
meetings with researchers and medical seniors to debate the importance of having an all-embracing
goal, visible to all interested parties, including the scientific community, overall healthcare
organizations, and general population. The theme of Ageing was thus chosen based on the
perceptions that rapid ageing of the population is a reality in Brazil
(http://populationpyramid.net/brazil/); that in a General Hospital widely different areas such as
Oncology, Neurology, Cardiology, Orthopedics, and Transplantation are equally important and that all
these areas acquire growing importance as patients age; that there is no major center for studies on
health and disease in ageing people in Brazil, therefore an important and relatively unexplored
research niche; and, finally, that a significant part of researchers at the institution was already
involved in studying aspects of aging and senescence, studying neurodegenerative diseases such as
Parkinson´s and Alzheimer disease, addressing issues linked to regenerative medicine and the
therapeutic use of human hematopoietic and mesenchymal stem cells, atherosclerosis and vascular
calcification, physiopathology of kidney diseases, and cancer of the elderly such as multiple
myelomas and common head and neck carcinomas.
The theme progressed to be a target not only to acquire knowledge but also to achieve improved
health and original treatment options in many different medical areas. In addition to traditional themes
in clinical and experimental Medicine, lifestyle and rehabilitation for the aging population, health care
management, and research in integrative medicine and supportive care were progressively included.
In the same vein, additional events were organized to open IIEP to international partners. I personally
organized or partnered several symposia with invited speakers to heighten understanding of how
meaningful research can be done in a general assistance hospital. Joint symposia occurred with our
scientific partners Weizmann Institute of Sciences (2011, 2012, 2014, and 2018) and Case Western
Reserve University (2018) on different themes: Aging, Well-being, Advances in Neurosciences,
Issues in Animal Care, and even hosting the local chapter of the Brazilian Brain Bee (Neurosciences
Olympiads) every year since 2015.
Beginning in 2012, in a further quest of driving excellence in research throughout the organization, I
teamed up with colleagues from Pathology (Denise da Cunha Pasqualin) and from Hematology
(Paulo Vidal Campregher) to work on establishing an institutional Biobank. So, how do you solve the
problem of having a biobank working for all areas of a large general services hospital as detailed in
the previous paragraphs? After much debate and afterthought, we came up with an innovative idea
and worked hard to organize a four-pronged bank where each arm works in a specific way. A tumor
bank based on surgically obtained tissue samples, pathology is essentially a repository of cancer
patient samples.
A cell bank works with cell lines (transformed or primary) which harbor useful
phenotypes or genotypes for experimental research, a liquid sample bank is based on leftover
samples from the clinical laboratory and stores many different types of normal and altered samples
(blood, serum, urine, lymph, etc.), and finally, a tissue bank with some processes borrowed from
tumor and liquid sample banks contemplates tissues from all other areas of interest excepting cancer.
Examples would be tissue samples from orthopedic or plastic surgeries, brain, teeth, non-malignant
outgrowths, and so on. The idea was that all areas of the hospital would be able to build their sample
cohorts to study later. Our Biobank was approved in 2014 and I hope, will serve the research
environment for many years to come.
In parallel, from the beginning, I supervised the upgrading of the core facility infrastructure sponsored
by the institution, which grew in several different technical areas, on a yearly basis. As already
highlighted, research and technical staff took active part in most decisions, a guideline we deemed
essential for successful team building. Of note, equally important maintenance and quality control
were always guaranteed by the institutional Clinical Engineering Department, an important asset to
assure Good Laboratory Practices. Based on perceived needs of the research staff as their projects
grew in complexity, infrastructure was steadily extended to include state-of-the-art platforms such as
new generation sequencing, 19-color flow cytometry, improved cell sorting, high performance liquid
chromatography, live cell and confocal microscopy, and laser microdissection. Obsolete equipment
was substituted and routinely employed instruments and installations duplicated whenever necessary.
Cell culture installations, sample cryopreservation, and data management received steady
improvements. A smaller but significant expansion occurred in the Animal Care Facility (CETEC).
Though the collegiate decisions led to some choices of equipment that did not live up to expectations,
usually they turned out to be highly successful inasmuch new projects included collaborating with
researchers that had already mastered the new technologies.
An important milestone, in April 2019 we reached a peak of 550 ongoing projects throughout the
institution. Of these 77, classified as experimental, were being carried out supervised by 12 staff
researchers, 8 post-docs, or other personnel. The remaining majority consisted of clinical and
observational studies, integrated into Research and Education in different ways, using our core
facility, interacting with experimental researchers, benefitting from project assessment, improving
good practices, and pre and post award coaching.
One of our initiatives to reach these milestones was the availability of third-party individual coaching,
which was gradually accepted by students and supervisors. It was used, confidentially if asked for, for
project improvement, text writing both in Portuguese and in English, paper editing, and even to
respond to journal queries. It was also routinely employed to help prepare for national and
international presentations (Portuguese and English) and was instrumental to help young researchers
overcome the language barrier.
The center reached a point where expansion would only be possible when moving to a new building.
Though I took active part in designing the new research facility installments, which featured state-of
the art equipment in the core lab, a clean room facility for experimental and clinical grade preparation,
and modular furniture to permit adaptation to novel techniques, inauguration occurred only in 2022,
after some delay due to the Covid-19 pandemic (for virtual visits go to
https://www.youtube.com/watch?v=hty1DCg4dFY ,https://www.youtube.com/watch?v=AMWlpZRdCg
Y&t=212s).
The last part of my experience in leadership next week!
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