Nota de falecimento: David Egilman, do qual, confesso, nunca tinha ouvido falar, foi um médico, professor da Brown University, que além de ensinar e ter sua clínica particular, fez de sua missão de vida, combater a má-conduta das indústrias farmacêuticas. Ao longo de 35 anos testemunhou em aproximadamente 600 processos os mais diversos, na qualidade de expert. Ele fazia mais do que dar a sua opinião. Ia atrás de emails, memorandos e documentos que atestavam que as farmas tinham conhecimento prévio dos riscos envolvidos em novas medicações comercializadas, mas não divulgavam a informação nem reviam a comercialização. Um exemplo famoso é o processo contra a Johnson & Johnson sobre os riscos de produtos para bebê à base talco, cujo litígio continua até hoje e já custou bilhões à empresa. Desenterrou documentos de 1950 que atestavam o risco de testes com radiação em humanos, o que levou ao Departamento de Energia Atômica americano emitir desculpas formais em 1996. Também foi instrumental em revelar a tática de ghost writing pelas indústrias farmacêuticas, publicando resultados promissores após convidar algum médico para subscrever o artigo. Essa prática não é mais permitida por alguns jornais de impacto na área médica ou quando um redator é usado, isso precisa ser informado. Há vários outros exemplos que tornam esse obituário único que vale a pena ser lido em https://www.nytimes.com/2024/04/15/health/david-egilman-dead.html
- Anna Goldberg
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