Acabo de postar vídeo sobre a revisão por pares e porque isso faz parte das boas práticas na pesquisa, sendo tão essencial para a integridade científica https://www.youtube.com/watch?v=ipA6ZLNKyFY .
De fato, o investimento contínuo em qualidade na hora da publicação do novo conhecimento que acabou de ser produzido resulta em ganhos para:
os autores que usam a ocasião para entender onde houve falhas no estudo, o que não ficou claro no texto e quais as boas normas de publicação,
os revisores que aprendem a avaliar um trabalho de forma justa e honesta e tomam conhecimento dos pensamentos e ideias novas nas suas respectivas áreas de estudo,
todos os interessados, pois permite tomar conhecimento das pesquisas em andamento dos colegas e compartilhar ideias para o avanço do conhecimento,
o público em geral (jornalistas inclusive) auxiliando na avaliação da relevância e robustez daquela pesquisa e diminuindo o risco de notícias falsas ou mal-entendidas.
Agora (outubro de 2022) temos mais uma iniciativa pioneira, desta vez da revista britânica eLIfe, que é exclusivamente de acesso aberto e tem um fator de impacto acima de 8.7.
Em entrevista para a revista The Scientist (https://www.the-scientist.com/news-opinion/q-a-why-elife-is-doing-away-with-rejections-70667 ), Damian Pattinson, diretor executivo da revista, conta como será modificado o processo de revisão por pares. Este não vai deixar de existir, mas será feito antes de publicar a prévia (preprint) e será veiculado publicamente junto com esta primeira publicação, independentemente de sua qualidade!
Essa avaliação estará visível logo após o resumo do artigo. E há um jargão cuidadoso e respeitoso que definirá a opinião do editor e dos revisores. A relevância da publicação receberá um veredito variando desde achado excepcional até significado mínimo. Já a robustez do trabalho em si e da metodologia empregada pode ser assinalada desde excepcional (o máximo) até incompleto ou mesmo inadequado, quando não há consistência com as conclusões oferecidas.
O que é esperado com esse processo é o maior foco na qualidade da informação e menos no título da revista na qual o artigo é publicado. Essa inversão de prioridade na literatura biomédica, com foco na qualidade, aceleração dos processos e maior transparência é que é a aposta da eLIfe. A revista já está fazendo isso para autores que escolham esse caminho, mas a partir de janeiro de 2023, todos os artigos serão publicados dessa forma. A ver o que vai dar!
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