Em março de 2022 dei uma aula online para a pós-graduação em Biologia e Genética Molecular do IB, UNICAMP e coloquei duas perguntas aos alunos que me assistiam online que replico abaixo.
Não exigi saber a resposta porque essas decisões são muito pessoais e consequência direta dos valores e da experiência pessoal de cada um e são questões que afetam pesquisadores no mundo todo como muito bem delineado num artigo do The Scientist publicado em setembro de 2021 (When Researchers Sound the Alarm on Problematic Papers, por Shawna Williams).
Entre outros o artigo relata a jornada pessoal de Jennifer Byrne, uma pesquisadora australiana na área do câncer, que desenterrou uma longa série de artigos publicadas por paper mills, falsos e manipulados.
A saga para puxar essa capivara levaram-na a mudar a sua carreira e se voltar para área da integridade científica com foco na veracidade das publicações. Muitas revistas como a Nature, Cell e PNAS tem hoje equipes permanentes para lidar com esse tipo de achado e de denúncia e esse parece ser um caminho a ser seguido por outras revistas de alto impacto.
Mas nem sempre os casos têm final feliz. Há uma mistura de artigos retratados por erros nos dados originais, impossibilidade de replicação dos resultados ao lado de pesquisadores que perdem anos de trabalho quando não, suas próprias carreiras, por terem se baseado em dados falhos.
A própria Jenniifer Byrne e seu colaborador, um linguista francês Cyril Labbé, publicaram um preprint (https://doi.org/10.1101/2021.07.29.453321) onde identifica 712 artigos sobre funções de genes com sequências gênicas errôneas. Ao lado de Elizabeth Bik e outros, estes investigadores enfrentam inclusive uma crescente onda de hostilidades e judicialização por pesquisadores que se julgam injustiçados.
Coragem a esses desbravadores que buscam preservar a qualidade da ciência e a importância que ela tem na vida de todos nós!
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