I renew here issues related to what we call sloppy science, unfortunately a disease which afflicts many laboratories and institutions throughout South America. I will use, as an example, what happened to the Chilean neuroscientist of international renown: Claudio Hetz (https://media.nature.com/original/magazine-assets/d41586-021-02682-5/d41586-021-02682-5.pdf).
The case is illustrative of what can occur when Good Practices are not followed. The investigator became the target of suspicion after the presence of altered images were detected during discussions on PubPeer, an online platform where researchers can discuss any published paper (https://pubpeer.com/). In a lengthy investigation, a committee of 4 independent scientists examined 18 papers authored by Hetz and, as a result, exempted him of fraud. However, in their public report, he was strongly criticized for a behavior deemed unacceptable due to neglect and lack of scientific rigor. In short, the published articles contain undue and undeclared modifications of figures.
Despite a mea culpa from the researcher and the initiatives to correct the problems and avoid future occurrences in his laboratory, the Chilean academic community insists that this was a very bad example and that the lack of an exemplary punishment was due to the researcher´s international renown and position of leadership. In addition, students and collaborators were negatively impacted by the public exposure and criticisms. The report, signed by the Vice-Chancellor for Research and Development of the University of Chile (https://www.uchile.cl/noticias/179784/comunicado-sobre-profesor-hetz), highlights that Prof. Hetz - incurred in conducts that are described as breaches of the integrity of the scientific process, understood as an inexcusable abandonment of his duty of care in performing as a scientific research professional, negligent acts and conduct, and carelessness in the presentation of results, particularly those related to the display of figures that suffered undue alterations and that were not correctly informed. Furthermore, that the main responsibility for the anomalies detected falls on Dr. Hetz himself, as the corresponding author, without detriment to the specific responsibility that his subordinates and collaborators may have. Finally, that these behaviors constitute unacceptable behavior in the scientific process since they damage public trust, so they must be corrected immediately.
Following the report, Hetz introduced: improvements in lab standards, rules to control the use of research logbooks by students and collaborators and created a repository to backup raw data obtained in the experiments. He also worked hard to correct the images, sending in the original versions, correcting published manuscripts, and notifying the whole community. He also had to decrease the size of his team. The university set up an external committee to oversee the data that comes from his lab and, also, established a training program in scientific integrity for students and researchers. Even so, he remains frowned upon by his fellows and stills needs to give lots of explanations, partly because he was investigated not once, but twice!
Do not fall into the trap of working in any less rigorous way. Your students, fellow colleagues, and collaborators will thank you while the scientific community is looking on!
Um caso emblemático: foi má-conduta?
Retomo aqui as questões relativas ao que é chamado de ciência desleixada, uma doença que, infelizmente, aflige muitos laboratórios e instituições em toda a América do Sul. Uso como exemplo o acontecido com um neurocientista chileno de renome internacional: Claudio Hetz (https://media.nature.com/original/magazine-assets/d41586-021-02682-5/d41586-021-02682-5.pdf).
O caso ilustra bem o que pode acontecer quando as Boas Práticas não são seguidas. O pesquisador tornou-se alvo de suspeitas após a presença de imagens manipuladas serem detectadas no PubPeer, uma plataforma online onde cientistas conversam sobre qualquer artigo já publicado (https://pubpeer.com/). Durante uma longa investigação, um comitê de 4 pesquisadores independentes examinou 18 artigos publicados sob a autoria de Hetz e, ao final, isentou-o da suspeita de ter cometido fraude. No entanto, no relatório tornado público, ele foi fortemente criticado por práticas caracterizadas por um enorme desleixo e falta de rigor científico.
De forma resumida, os trabalhos publicados continham imagens manipuladas de forma indevida e sem serem sequer mencionadas. E apesar do "mea culpa" feito pelo pesquisador e das iniciativas tomadas para corrigir problemas e evitar ocorrências futuras em seu laboratório, a comunidade acadêmica chilena insiste em que um péssimo exemplo foi dado e que a falta de punição exemplar se deu pelo renome e posição de liderança que o pesquisador ocupa. E mais, alunos e colaboradores foram diretamente impactados pela exposição e críticas públicas.
O relatório, assinado pelo vice-reitor de Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade do Chile (https://www.uchile.cl/noticias/179784/comunicado-sobre-profesor-hetz) , destaca que o Prof. Hetz incorreu em condutas que violam o processo de integridade científica, na forma de um abandono inaceitável de suas responsabilidades profissionais, conduta negligente, desleixo na apresentação de seus resultados, em especial na exibição de figuras em que as modificações indevidas não foram reportadas, Mais, responsabiliza o professor diretamente, já que é o autor correspondente, sem todavia diminuir a responsabilização de seus coautores ou subordinados. Por fim, demanda a imediata correção deste comportamento para evitar maior dano na confiança pública.
Algumas das medidas tomadas pelo professor foram: melhoria dos padrões de trabalho no laboratório, incluindo diretrizes para controlar o uso dos cadernos de pesquisa diários, a criação de um repositório para o backup dos dados originais gerados nos experimentos. E teve muito trabalho para corrigir as imagens, enviando os arquivos originais, corrigindo os artigos publicados, fazendo notificações para toda a comunidade. Teve também de diminuir o seu pessoal. A universidade também instituiu um comitê externo de revisão dos dados gerados no laboratório.
Por fim, a universidade instituiu também treinamento em integridade científica para estudantes e pesquisadores. No entanto, o professor ficou malvisto pelos seus colegas e continua tendo que dar muitas explicações, já que foi investigado não uma vez, mas duas! Não caia na armadilha do trabalho menos que rigoroso. Seus alunos, colegas e colaboradores agradecem e a comunidade científica está de olho!
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