Lição de casa #7 Autoria
- Anna Goldberg
- há 12 minutos
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Quem já não se perguntou quem deve ser autor no seu estudo: a estaticista? O colega que lhe ensinou a técnica? O pós-doc que auxilia na sua supervisão? O chefe do departamento que não é seu orientador? O médico que mandou 2 pacientes que foram incluídos no seu estudo?
Não estou viajando, não. Essas perguntas e muitas outras são comuns e devem ser abordadas com toda a seriedade. Autoria honorária, quando um autor é incluído meramente porque é o chefe do grupo, o titular da cadeira ou diretor geral, por exemplo, já foi motivo de retratação de artigos publicados! Em especial, na área biomédica, onde os estudos comumente são executados com a ajuda de muitos pesquisadores e especialistas num cenário multidisciplinar, as questões de autoria adquirem uma importância especial.
Em 1978, um pequeno grupo de editores de revistas médicas apresentou uma primeira recomendação buscando harmonizar as publicações da área biomédica. O sucesso foi tanto, que o agora renomeado ICMJE (International Committee of Medical Journal Editors) apresenta em sua página (https://www.icmje.org) recomendações que abrangem todos os aspectos da redação e da publicação de artigos, incluindo também aspectos éticos (completude das citações, conflitos de interesse, publicações redundantes ou duplicadas, fatiamento dos resultados) e, naturalmente, autoria. Essas recomendações são hoje, aceitas praticamente de forma universal, mesmo em áreas diferentes do conhecimento.
As recomendações são claras e enganadoramente simples. Elas dizem que o autor é aquele que:
contribuiu substancialmente na concepção e desenho experimental, ou na aquisição dos resultados, ou na análise e interpretação dos dados
participou da redação do artigo e/ou revisão crítica do conteúdo intelectual do manuscrito
deu aprovação final de todo o conteúdo na versão a ser publicada
se responsabiliza pelo conteúdo e demais aspectos do trabalho
O pulo do gato é uma palavrinha: “e”. O autor deve preencher os requisitos de todos os itens acima!
Assim, quem financia, quem apenas coleta os dados (ex: dados do laboratório clínico) não essenciais ao desenvolvimento do estudo, quem é contratado para escrever o artigo (ghost writer), quem supervisiona ou administra o grupo como um todo, NÃO É AUTOR!
Por outro lado, todos que fazem por merecer a autoria devem ser nomeados individualmente e há hoje formas de reconhecer a contribuição individual mesmo de grandes grupos, por exemplo num ensaio clínico multicêntrico. O ICMJE apresenta na sua página recomendações atualizadas recentemente. As Recomendações, na versão de abril de 2025, abordam as responsabilidades atribuídas aos autores, editores, revisores, financiadores, publicadores e detentores. Não deixem de ler. As recomendações podem ajudá-lo inclusive a colocar ordem na listagem dos autores conforme a quantidade e qualidade da contribuição de cada um.
E lembrem-se! O combinado não sai caro. A melhor recomendação é a de combinar a autoria ANTES de executar o trabalho! E deixe isso por escrito para maior transparência e clareza!
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