O trabalho de detetive na escolha de quais revistas ou artigos ler ou descartar precisa estar sempre presente nas nossas mentes. Veja, só, na mesmíssima semana em que um pesquisador de renome e o conjunto do seu corpo editorial passam a integrar oficialmente uma nova publicação, o Journal of Human Immunity (veja postagem: A mais recente fofoca do bairro da Imunologia), saiu a notícia de outra nova revista na área correlata à Imunologia: Journal of the Academy of Public Health ( https://www.science.org/content/article/new-journal-co-founded-nih-nominee-raises-eyebrows-misinformation-fears). Essa, no entanto, deixou vários cientistas e pesquisadores com a pulga atras da orelha. E por quê? São vários os motivos:
O editor-chefe nomeado para capitanear a nova revista é Jay Bhattacharya, professor da Universidade de Stanford na área de Políticas Públicas, Doenças Infecciosas e Economia da Saúde, notório pelas suas posições contra o uso de máscaras durante a pandemia da Covid-19 e forte crítico do Dr. Anthony Fauci, entre outros.
Os processos editoriais dessa revista são um tanto quanto estranhos, incluindo a exclusividade e gratuidade de publicação apenas para os membros da recém-formada Academia de Saúde Pública. A manutenção da nova revista é feita por financiadores da ala conservadora da sociedade americana. A conferir em https://publichealth.realclearjournals.org/, onde já constam artigos contra a vacina da Covid-19 e outras joias, supostamente visando combater a má ciência!
Todos os artigos são publicados independentemente da revisão ad hoc, publicada em paralelo, mas feita e paga pela revista. Em outras palavras, não há controle de qualidade por terceiros independentes!
O próprio editor-chefe foi indicado pelo agora presidente Trump para ocupar o cargo de diretor do NIH (os Institutos Nacionais de Saúde americanos) e aguarda apenas a confirmação pelo senado americano.
A esses junto mais um motivo: O Journal of Public Health (e não esse da Academy of Pubic Health) com um nome fortemente similar, é uma revista prestigiosa e tradicional, com bom fator de impacto.
Dá mesmo para desconfiar, não? Pois é, aplicar a máxima de que o diabo mora nos detalhes se aplica bem por aqui!
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